Às vezes


Não é que ela esperasse grandes coisas do destino. Embora trouxesse da infância, sonhos de uma vida, que definitivamente, não era a que vivia agora.

Às vezes, se via repleta de uma angustia sufocante, desejosa demais de ter/ser diferente e nessas horas precisava respirar, repassar mentalmente todos os caminhos percorridos até ali, para perceber que foram seus próprios pés que trilharam aquela estrada.

Dessa forma, antes que se visse imersa em pena de si mesma, enxergava-se como uma pintura real.

Ela era o que fora se construindo diariamente nesse tanto de anos que definiam sua idade e nada, nada poderia mudar isso.

O que ela podia fazer era decretar que era a hora de ser feliz. E esquecer tudo aquilo que não fora, e se concentrar apenas naquela que ela poderia ainda ser.

Desliza os dedos pelas folhas, suavemente retirando pétalas. Bem-me-quer, mal-me-quer, o que será que o destino lhe reserva? Amor não se escolhe! Frases ditas e repetidas por todas povoam sua mente. Por isso suspira, a espreita da próxima esquina, aonde surgirá o amor encantado que um dia sonhou nas estórias infantis. 

Ao lado, cavaleiro errante, mal percebido, pois suas lentes focalizam o homem inexistente. Aquele que em noites insones a faz debulhar folhas de uma pobre flor. Expectativas do acaso, sem perceber que o destino não se escreve em linhas indômitas, mas antes, desenhado em traços por nossas próprias mãos. 

E se hoje chora, suspirando um amor não correspondido e pensa que sua sina é a dos homens errados, deixa escapar a última pétala, um bem-me-quer perdido por mãos descuidadas.

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