Eu o considero uma das coisas mais belas jamais escritas. A beleza não me diz nada.
Ela simplesmente me possui, toma conta de meu corpo.
É uma felicidade. Tenho vontade de chorar.
Meu corpo assume sua dimensão mágica, pois ele se co-move, é movido com os sons.
A música toca meu corpo e ele reverbera, vira música.
Eu e a sonata somos a mesma coisa. Sou a música.
Esse é o sentido da experiência estética: a identidade entre a beleza e aquele que a sente.
Tudo que me comove pela beleza é um espelho onde eu, Narciso, me contemplo.
Sou tão bonito quanto o adágio da Sonata de Mozart.”
(Rubem Alves em Variações sobre o prazer)
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