“Nasci dura, heróica, solitária e em pé.
E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza.
A feiura é o meu estandarte de guerra.
Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte.
Eu – eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe.
O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim.
Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira.
Sou uma árvore que arde com duro prazer.
Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo.
Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego.
É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.”
Clarice Lispector (1920-1977)
E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza.
A feiura é o meu estandarte de guerra.
Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte.
Eu – eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe.
O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim.
Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira.
Sou uma árvore que arde com duro prazer.
Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo.
Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego.
É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.”
Clarice Lispector (1920-1977)
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