tempo submerso


"...Não. Eu não conseguia dormir após ouvir esses relatos dos guias e fazer as anotações em meu diário improvisado. Caminhava, então, lentamente até o cais e olhando para aquele horizonte feito de água que me rodeava enquanto anoitecia, ficava imaginando ossos humanos trazidos até mim pela maré. Longos ossos carcomidos pela areia e água salobra invadiam meus pensamentos e me acompanhavam no caminho de regresso ao quarto que alugara, na Rua Severnaya,16, com vista para o mar. Sentada defronte à escrivaninha uma densa névoa envolvia-me e eu mergulhava num torpor... numa espécie de túnel sem saída. Vagava pelo passado buscando explicações que não havia, que nunca haverá. E escrevia. Plasmava no papel as emoções que me invadiam em ondas inquietantes e me povoavam com espectros!"
ludmila saharovsky

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