Sozinha


Sozinha, nas tardes de melancolia, ela se deixava levar pelas recordações, enredando-se nos longos corredores do passado, onde, inutilmente, buscava seu perdido amor. Resolveu então povoar cada aposento vazio, com as histórias que habitavam suas fantasias. Dia após dia, a casa solitária foi adquirindo vida, cheiros, cores, alegria. As roseiras não tardaram a florir. Os pássaros não demoraram em chegar. Os vizinhos aproximaram-se cheios de expectativas. Afinal, quem fora o autor daquela proeza? Abrindo a porta que dava para o jardim, a mulher libertou a imagem daquele homem aprisionado em suas retinas, e apresentou a todos o autor daquele milagre.
(Ludmila Saharovsky)

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